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Coluna: Neuropsi (31/07)

sex, 31 de julho de 2020 05:18

Abertura-neuropse

 

1-Quais danos psicológicos desse confinamento para a população? A piora do estado de saúde mental das pessoas em época de quarentena é real?

 
Durante uma pandemia é esperado que os indivíduos frequentemente em estado de alerta, preocupados, confusos, estressados e com sensação de falta de controle frente às incertezas do momento. Estima-se que entre um terço e metade da população exposta a uma epidemia pode vir a sofrer alguma manifestação psicopatológica, caso não seja feita nenhuma intervenção de cuidado específico para as reações e sintomas manifestados. Entretanto, é importante destacar que nem todos os problemas psicológicos e sociais apresentados poderão ser qualificados como doenças. A maioria será classificada como reações normais diante de uma situação anormal.

 

2-Como lidar com as frustrações geradas pelo impacto do coronavírus?

 
Identificar pensamentos que possam lhe causar mal-estar. Pensar constantemente na doença pode causar o aparecimento ou o aumento de sintomas que ampliem seu mal-estar emocional.
Reconhecer nossas emoções e aceitá-las. Se necessário, compartilhe sua situação com os mais próximos para encontrar a ajuda e o apoio necessários.
Questione: procure provas de realidade e dados confiáveis. Conheça os fatos e dados confiáveis oferecidos pelos meios de comunicação oficiais e científicos e fuja de informações que não provenham dessas fontes, evitando informações e imagens alarmistas.
Reconhecer e acolher seus receios e medos, procurando pessoas de confiança para conversar; Reenquadrar os planos e estratégias de vida, de forma a seguir produzindo planos de forma adaptada às condições associadas à pandemia.

 

3-Quais os impactos da pandemia principalmente para os profissionais da saúde e pessoas com transtornos mentais?


O contexto de pandemia requer maior atenção ao trabalhador de saúde: ele está mais sujeito a ter sua saúde mental afetada, seja por situações vivenciadas direta ou indiretamente. É recorrente o aumento dos sintomas de ansiedade, depressão, perda da qualidade do sono etc. Os familiares dos profissionais de saúde também estão mais propensos a apresentarem sofrimento psíquico durante a pandemia.
Esse contexto também pode provocar a descompensação de transtornos psíquicos preexistentes. Por isso, uma das linhas de ação consiste em atenção clínica especializada direta a pessoas que apresentam demandas mais complexas ou que já tenham histórico de distúrbios, transtornos e adoecimentos psicopatológicos anteriores à epidemia.

 

4-Como lidar com vícios nesse período de quarentena? Qual a recomendação para as famílias nas questões relacionadas a uso abusivo álcool como fuga de contato com este momento?


A recomendação é evitar o uso de tabaco, álcool ou outras drogas para lidar com as emoções. Quando a primeira fase da epidemia não recebe um suporte adequado em saúde mental e atenção psicossocial, pode-se encontrar, depois, um grande número de pessoas com problemas como depressão, consumo excessivo de álcool e outras drogas, comportamento violento.

 

5-Quais os impactos da pandemia principalmente para os profissionais da saúde e pessoas com transtornos mentais?

 

O contexto de pandemia requer maior atenção ao trabalhador de saúde: ele está mais sujeito a ter sua saúde mental afetada, seja por situações vivenciadas direta ou indiretamente. É recorrente o aumento dos sintomas de ansiedade, depressão, perda da qualidade do sono etc. Os familiares dos profissionais de saúde também estão mais propensos a apresentarem sofrimento psíquico durante a pandemia.

Esse contexto também pode provocar a descompensação de transtornos psíquicos preexistentes. Por isso, uma das linhas de ação consiste em atenção clínica especializada direta a pessoas que apresentam demandas mais complexas ou que já tenham histórico de distúrbios, transtornos e adoecimentos psicopatológicos anteriores à epidemia.

 
6-Como lidar com a procrastinação nos afazeres com tanto tempo disponível e não se culpar por isso? Como controlar o distúrbio alimentar com o aumento da ansiedade?

 
Durante uma pandemia, letargia e alterações de apetite estão entre as reações comportamentais mais comuns. Alguns critérios para determinar se uma reação psicossocial considerada esperada está se tornando sintomática e precisará ser encaminhada são: sintomas persistentes; sofrimento intenso; comprometimento significativo do funcionamento social e cotidiano; dificuldades profundas na vida familiar, social ou no trabalho etc. Nesses casos, e quando as estratégias utilizadas não estiverem sendo suficientes para sua estabilização emocional, deve-se buscar um profissional de saúde.

 

7-Como ajudar uma pessoa que está com muita ansiedade e nunca realizou tratamento, mas devido às crises passar a ter sintomas parecidos com o do coronavírus?


Durante uma pandemia, reações como essa não são incomuns e existem estratégias para lidar com elas, como investir em exercícios e ações que auxiliem na redução do nível de estresse agudo (meditação, leitura, exercícios de respiração, entre outros mecanismos que auxiliem a situar o pensamento no momento presente), bem como estimular a retomada de experiências e habilidades usadas em tempos difíceis do passado para gerenciar emoções durante a epidemia. Entretanto, caso as estratégias recomendadas não sejam suficientes para o processo de estabilização emocional, é importante buscar auxílio de um profissional de Saúde Mental e Atenção Psicossocial (SMAPS) para receber orientações específicas.

 

8-Depois que isso passar, será que vamos vivenciar um aumento dos números de suicídio?


A violência doméstica e a conduta suicida são complicações graves que podem estar associadas ao contexto de pandemia. Isso reforça a importância do acolhimento e da garantia de atenção psicossocial para situações emergenciais, como crise psicótica e tentativa de suicídio, entre outras. Reforça também que as estratégias de intervenção em saúde mental são importantes “antes”, “durante” e “depois” da epidemia.

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