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20ª edição da Fenicafé é marcada por sucesso de público

sex, 6 de março de 2015 00:10
A Fenicafé encerrou suas atividades nesta quinta-feira. Foto: Henrique Vieira

A Fenicafé encerrou suas atividades nesta quinta-feira. Foto: Henrique Vieira

DA REDAÇÃO (com assessoria) – Neste ano, o assunto mais relevante discutido na Fenicafé envolveu a necessidade de preservação dos recursos hídricos na irrigação do café. Durante os três dias, profissionais renomados forneceram informações importantes nesta área, destacando a climatologia.

O XVII Simpósio Brasileiro de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada sobre os cenários climáticos no Brasil e no mundo e suas implicações para a agricultura contou com a participação do climatologista Luis Carlos Molion, professor-doutor da Universidade Federal de Alagoas.

Segundo disse, nos próximos anos, os cafeicultores podem ficar tranquilos a respeito da seca. “A estiagem parecida com a de 2014 não deve ocorrer nos próximos cinco a seis anos. A seca foi resultado de um misto de fenômeno natural e da “miopia dos políticos, que não se preparam para enfrentar casos raros, de secas severas, que ocorrem a cada 50 anos, mas acontecem. No período de vacas gordas esquecem de se planejar”, frisou.

O climatologista lembrou da severa geada de 1976, que “expulsou o café do oeste do Paraná”. Segundo Molion, pode ocorrer outra nos próximos anos, com riscos maiores para o Sul do Brasil, mas também para as regiões montanhosas do Sudeste.

Conforme informou, neste momento, o que mais preocupa na cafeicultura é o excesso de incidência dos raios ultravioleta. “O café é perene, sofre mais com isso e houve altos índices de radiação em janeiro e fevereiro, quando teve poucas chuvas”, colocou Molion.

O coordenador técnico da Embrapa Café, Antônio Fernando Guerra, salientou que a troca de informações que ocorre nesse tipo de simpósio é muito importante para a atividade. Guerra questionou se a atual crise hídrica é resultado de falta de chuvas ou de falta de gestão.

Para Guerra, há um problema de gestão em nível geral. “Estamos utilizando o recurso de forma errada. A crise hídrica representa uma oportunidade para o produtor formar seus reservatórios, salientando que as plantas não consomem água, elas utilizam água”.

A Fenicafé encerrou suas atividades nesta quinta-feira, 5. A palestra destaque do último dia foi ministrada pelo doutor em neurociências pela Universidade Federal de Minas Gerais Dr. Ariovaldo Alberto da Silva Junior. Ele esclareceu ao público sobre como o cérebro pode ajudar a melhorar a qualidade de vida levando em conta o estresse diário.

Depoimento

Gonçalo Apolinário faz parte da história dos 20 anos da Fenicafé. Em entrevista, o cafeicultor disse que participou de todas as edições do evento, sendo o primeiro a fazer sua inscrição na Associação dos Cafeicultores de Araguari (ACA). O cafeicultor nasceu na Bahia, morou no Paraná e no Mato Grosso e há 26 anos veio para Araguari no intuito de fugir das geadas que frequentemente aconteciam na região sul.

Pioneiro na irrigação no município, Apolinário explica que o sistema de gotejamento, utilizado por ele em sua fazenda, diminui em cerca de 60 a 70% o volume de água na irrigação, se comparado ao método de pivô. “Em tempos de falta de água esse é o sistema que devemos usar. Quanto menos água gastar com certeza melhor será”.

Questionado sobre o que de melhor aprendeu na Feira, Apolinário disse que foram as novas técnicas de fertirrigação e como trabalhar com o maquinário de forma eficiente. “Tem gente com o vício de tomar café, eu tenho o de produzir. A cafeicultura é muito incerta. Aprendemos a cair e a levantar. Ora tem preço; ora não. Mas não posso reclamar, consegui criar e estudar meus oito filhos como produtor de café”, diz o proprietário da Fazenda Flor do Amanhecer, que pretende continuar participando dos próximos eventos. “Enquanto aguentar, aqui espero estar”, finaliza.

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